A Judite fez parte do programa de Hypnobirthing em grupo e tinha algumas reservas sobre este método. Comentou várias vezes que se não tivesse utilidade para o parto, “pelo menos estava mais calma e dormia bem”. Apesar das reservas, sempre praticou e se dedicou e foi este o seu relato de parto* com Hypnobirthing.


“O Nicolau nasceu ontem e foi uma viagem intensa, poderosa e maravilhosa.
Quero agradecer-lhe pelo trabalho incrível, consegui fazer a dilatação toda em casa sempre apoiada nas meditações e visualizações.
O expulsivo foi desafiante, mas consegui entregar-me sem nunca perder o foco!
Uma experiência transcendente ❤ Bem haja por me ter facultado ferramentas para aproveitar este momento!


Aqui vai um relato mais detalhado do parto:
Nas duas semanas prévias ao nascimento do Nicolau sentia contrações dolorosas intermitentes, principalmente à noite e fui tendo várias sensações relativas ao seu posicionamento – dor na região do sacro com irradiações que iam mudando e que pediam que me movimentasse.
Na madrugada de dia 14, pelas 4h a bolsa rompeu. Falei com a obstetra e como o líquido era claro, o bebé mexia-se normalmente e as contrações nem tinham começado optamos por ficar em casa – na XXXXX** só teriam vaga ao meio dia.

A nossa doula foi um raio de luz naquele momento – transmitiu-me a serenidade e confiança que precisava para continuar.


Cerca de 1 hora as contrações começaram, espaçadas e fáceis de gerir – recorri à meditação para o parto e a uma música repetitiva com sons de ondas com a qual fui meditando ao longo da gravidez. Fui alternando posições e descansava entre contrações. Por volta das 7h avisei a nossa doula e pelas 7h30min as contrações começaram a tornar-se mais intensas e com menor espaçamento, mas entre as visualizações e a respiração ascendente, senti-me sempre relaxada e em controlo. Por volta das 8h30min entrei na banheira com água morna, o que foi maravilhoso, pois ajudou-me a relaxar. Entre essa hora e as 9h comecei a vocalizar e disse ao J que era melhor telefonar à nossa doula pois não ia dar para esperar pelo meio dia. Ela veio ter connosco pelas 9h e entretanto já tinham falado com a obstetra.
A nossa doula foi um raio de luz naquele momento – transmitiu-me a serenidade e confiança que precisava para continuar.

Recorri à meditação para o parto e a uma música repetitiva com sons de ondas

Chegámos ao hospital XXXXX* pelas 10-10:30 e já sentia vontade de fazer força quando estávamos a chegar.
Tive que entrar sozinha e o segurança queria que me dirigisse a pé para a urgência de obstetrícia! ? valeu-nos a nossa querida doula que lhe explicou o que se estava a passar e que precisava que alguém me viesse buscar (de forma razoavelmente célere). E assim foi. Fui sempre adotando a posição que o corpo pedia – inclusive estar de joelhos apoiada numa cadeira na sala de espera, vocalizando, enquanto me inscreviam. Interessante foi perceber como não estabelecia contacto visual com ninguém mas ouvia tudo o que diziam à minha volta!
Lá fui admitida e a médica (a que estava de urgência) disse que ia fazer um toque – ao que não me opus pois tinha todo o interesse em saber em que ponto estávamos. A dilatação era 7-8 cm e passei diretamente para uma sala no bloco de partos.
Pontos interessantes, a condescendência com que a médica me tratou perguntando com um certo “desdém” se era o primeiro filho e quando respondi que era o terceiro o tom mudou imediatamente… o que diz muito sobre a forma como as mães de primeiro filho são tratadas.
A primeira coisa que a enfermeira me perguntou foi se queria epidural, a qual recusei. Despiram-me, colocaram-me um cateter, fizeram-me mil e uma perguntas para preencher papéis e deixaram-me sozinha (??). Não houve uma palavra simpática ou motivadora…

Daí em diante mais ninguém entrou na sala. Luzes apagadas, a/c desligado, eu despida e assumindo as posições que me eram mais confortáveis.

A minha obstetra chegou e pouco depois o J também entrou. Daí em diante mais ninguém entrou na sala. Luzes apagadas, a/c desligado, eu despida e assumindo as posições que me eram mais confortáveis. A vontade de fazer força voltou mas sempre que tentava a dor era insuportável e não me permitia fazer força convenientemente. Sabíamos que o bebé não estava na posição mais fácil (estava posterior) e quando rodou ficou com a face virada para o meu lado direito. Aí pedi epidural porque sabia que não ia conseguir ajudá-lo se assim não fosse.

Aí pedi epidural porque sabia que não ia conseguir ajudá-lo se assim não fosse.


O anestesista foi rápido e eficaz. A partir daí consegui fazer força pois sentia tudo – o bebé a descer, as contrações, a bacia a abrir, só não sentia aquela dor. Fui mudando a posição e comecei a sentir o anel de fogo, as vocalizações continuaram e pude senti-lo coroar com as minhas mãos e a expulsão foi ocorrendo ao longo de 3-4 contrações.
Trouxe o bebé para o meu colo e foi aí sumariamente observado.
Esperamos o cordão parar de pulsar para cortar. Esperamos a dequitadura naturalmente. Não houve laceração nem hemorragia. Não houve ocitocina sintética.
A obstetra foi maravilhosa, sempre atenta e vigilante, com palavras gentis e de suporte. O J foi-me apoiando com técnicas de pressão e contra pressão que a doula lhe transmitiu.
Foi um trabalho de equipa que proporcionou ao Nicolau um nascimento tranquilo e respeitado, e a mim um parto maravilhoso e empoderador.
O trabalho de Hypnobirthing permitiu-me estar presente e em controlo da situação, sem ansiedade ou medo do que estava para vir.

Sinto que atravessamos um portal – cada um, individualmente, e como família ❤”


Obrigada querida Judite!

* *Não publicamos nomes de instituições de saúde

* O relato está escrito conforme foi enviado pela mãe e retrata a sua perceção.

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