Com muito tempo de atraso, aqui fica este bonito relato de parto com Hypnobirthing.
A J., mãe do Artur, procurou-me com bastante ansiedade e, para dizer a verdade, tentando disfarçar algum ceticismo sobre os resultados do Hipnoparto. A profissão dela (médica), levava-a a prever todo o tipo de complicações que poderiam existir num parto. Analisava o risco de qualquer situação, fazia projeções e estava bastante apreensiva. Mas, notei logo nela uma grande vontade de fazer diferente da história familiar que carregava inconscientemente.

Recordo-me de me dizer logo de início que “não havia necessidade de sofrer com dores com todo o avanço da medicina” e este foi o nosso 1º trabalho, analisar o que é dor e o que é sofrimento.

Com muita calma, fomos caminhando pelos seus receios, acolhendo-os todos, encontrando explicação para a maioria e analisando o parto sob outro prisma. Tudo isto enquanto ia fazendo os áudios, aprendendo alguns exercícios e percorrendo o E-Learning.

Foi uma caminhada onde ela se entregou completamente ao processo, juntamente com o seu maravilhoso companheiro que a apoiava em tudo.

Aqui fica o relato de parto, a vivência vista pelos olhos dela, que me encheu de alegria e marejou os meus.


” Não podia deixar de descrever aquele que foi um dos momentos mais felizes da minha vida e onde renasceu uma nova J., como mulher e mãe. (…) Gratidão é a palavra para a Maria, por me ter levado nesta viagem surpreendente do Hipnoparto, que me ensinou a ser mais tranquila, mais confiante no meu corpo e na minha mente e a encontrar o meu lugar seguro. Tornou esta gravidez, que desde o início foi muito desafiante, quer pelos sintomas constantes de náuseas/vómitos, quer por vários medos incluindo o parto, numa viagem muito mais bonita e mais ligada ao meu bebé.  


Fui fazer uma caminhada até ao meu lugar seguro, a minha praia, e estava a desfrutar de mais um dia lindo de sol, quando senti a primeira onda/contração por volta das 17h30.

Tínhamos chegado às 40 semanas e 4 dias, e já sentia uma enorme vontade e curiosidade por tudo o que estava para acontecer. Na véspera tivemos consulta com a nossa incrível obstetra que me deixou tranquila com a espera e me questionou se sentia que alguma coisa estava pendente.

Nesse mesmo dia fizemos o caminho para a maternidade para o conhecermos melhor, fomos fazer umas compras de última hora para o bebé, e terminei o dia com a saída do rolhão mucoso. Fui fazer uma caminhada até ao meu lugar seguro, a minha praia, e estava a desfrutar de mais um dia lindo de sol, quando senti aquela que agora reconheço como a primeira onda/contração por volta das 17h30.


As contrações começaram com intervalos curtos entre elas, nem chegava a 10 minutos, e foi aí que decidi ligar ao meu marido que tinha uma viagem de 100 km pela frente para chegar à minha beira.

Mãe de primeira viagem, confesso que achei que podia ser só mais desconforto na lombar próprio da fase final da gravidez; decidi tomar um banho de mar, mas foi mesmo dentro da água que percebi que o trabalho de parto estava a começar, era uma sensação diferente e mais intensa, as contrações começaram com intervalos curtos entre elas, nem chegava a 10 minutos, e foi aí que decidi ligar ao meu marido que tinha uma viagem de 100 km pela frente para chegar à minha beira.


A presença da enfermeira foi uma enorme ajuda também, deu-me segurança para continuar por casa.

Voltei para casa dos meus pais por volta das 19h, e aí sim, as ondas começaram a ficar mais intensas; tomei um banho e o meu marido chegou, senti-me segura. A partir daí, começou tudo a tornar-se muito mais desafiante, o intervalo entre contrações era muito curto, a intensidade era cada vez maior, não conseguia estar parada nem falar durante. Sem dúvida que o meu marido sempre a minha beira, o movimento constante, as vocalizações, a respiração e mensagens positivas que aprendi no Hipnoparto e estava sempre a repetir na minha cabeça, foram fundamentais.

Entretanto também tive a visita da nossa querida enfermeira que nos acompanhou na gravidez em casa, já tínhamos chegado aos 4cm, ouvi o coração do bebé, ia mesmo acontecer, tinha chegado a hora, e no meio da dor que sentia, sentia também uma felicidade enorme porque o momento tinha chegado. A presença da enfermeira foi uma enorme ajuda também, deu-me segurança para continuar por casa, estava tudo bem com o bebé, ela ia vocalizando comigo e acompanhando a nossa dança durante as contrações.


Viagem muito muito desafiante, ir sentada era muito complexo, mas lá seguimos, janela aberta, agarrada a mão do marido, a vocalizar cada vez mais alto e a tentar ao máximo focar-me na respiração.

Consegui jantar assim aos bocadinhos e de pé porque os intervalos já eram demasiado curtos, e eis que já tínhamos chegado aos 6 cm e seguimos caminho de carro para a maternidade por volta das 22h. Viagem muito muito desafiante durante 40 minutos, ir sentada era muito complexo, mas lá seguimos, janela aberta, agarrada a mão do marido, a vocalizar cada vez mais alto e a tentar ao máximo focar-me na respiração. 


“Quer epidural? Tem de decidir porque pode não dar tempo depois!”, a minha resposta foi somente “Eu não quero saber de nada disso, quero é o meu marido aqui!”

Cheguei a maternidade as 22h40 e tive de fazer o circuito desde a triagem até ao bloco de partos sem o meu marido (…) foi dos momentos em que me senti mais perdida, na observação pela obstetra já tínhamos chegado aos 8 cm. Mal conseguia estar deitada para observação quanto mais responder a questões, e quando surgiu a pergunta “Quer epidural? Tem de decidir porque pode não dar tempo depois!”, a minha resposta foi somente “Eu não quero saber de nada disso, quero é o meu marido aqui!”. Pareceu uma eternidade até ele chegar, mas quando já estava no quarto da sala de partos, eis que ele apareceu e consegui finalmente voltar a desligar de tudo e sentir-me segura e esquecer tudo o resto. Estávamos só nós e a enfermeira, numa sala a meia luz, o meu marido utilizou algumas das coisas do nosso Kit Ocitocina, aromaterapia e a musica da nossa playlist, tinha liberdade total de movimentos, mas eis que rompe a bolsa com mecónio. Afligi-me muito, nesse momento achei que alguma coisa podia correr mal, mas a enfermeira que estava connosco foi fantástica e tranquilizou-me, “ouve o coração do bebé, está tudo bem, não há problema nenhum”.


A enfermeira que estava connosco foi fantástica e tranquilizou-me, “ouve o coração do bebé, está tudo bem, não há problema nenhum”.

As contrações eram muito intensas e seguidas, mesmo de pé e a mobilizar, achei por minutos que não era capaz, que devia fazer Epidural, mas mais uma vez, a enfermeira foi o nosso anjo da guarda e pediu para fazer observação, e lá estávamos, dilatação completa, “usa a vontade que vais ter de puxar para diminuir a dor”, e nunca mais pensei em Epidural, nem em mais nada a partir daí.

Entreguei-me aquele momento, o Artur vinha aí e eu só queria tê-lo nos braços. Fui seguindo o que o meu corpo pedia, coloquei-me de lado na cama com a perna apoiada no ombro da enfermeira e utilizando as respirações que aprendi, fui fazendo força e mais força quando o meu corpo pedia, agarrada as presilhas das calcas do meu marido, com ele com uma ventoinha pequenina na minha cara que me ajudou imenso, tal era o calor que sentia.


Utilizando as respirações que aprendi, fui fazendo força e mais força quando o meu corpo pedia, agarrada as presilhas das calcas do meu marido, com ele com uma ventoinha pequenina na minha cara que me ajudou imenso, tal era o calor que sentia.

Quando achei que ainda estava longe, pude colocar a mão e sentir a cabeça do meu bebé, uma sensação incrível, que me fez acreditar ainda mais em mim, em nós, na nossa equipa fantástica, eu, o Artur e o papá. E mais uma e outra contração a puxar,.

O Artur veio direto para os meus braços, um momento inesquecível e emocionante, uma alegria que nunca tinha sentido na vida. Às 00h23, e o meu bebé tinha chegado cheio de saúde, sem episiotomia, laceração grau 1.


Às 00h23, o Artur veio direto para os meus braços, um momento inesquecível e emocionante, uma alegria que nunca tinha sentido na vida.

Fomos capazes, conseguimos, e foi absolutamente maravilhoso, intenso claro, mas muito melhor ainda do que podia imaginar!

Ficamos pele com pele durante o tempo todo que quisemos, muito mais que 1h, o pai fez o corte tardio do cordão, maminha logo de seguida, medidas e pesagens sem pressas, vestir só quando quisemos, foi incrível e sinto umas saudades enormes já de todo esse momento único, que vai ficar para sempre guardado na minha memoria e no meu coração. 


Fomos capazes, conseguimos, e foi absolutamente maravilhoso, intenso claro, mas muito melhor ainda do que podia imaginar!

Obrigada, minha querida Maria por este trabalho que fez por nós neste momento tão especial, nunca pensei que poderia ser assim tão maravilhoso. Confesso que comecei nesta viagem do Hipnoparto um pouco cética, mas valeu muito a pena, todos os exercícios e meditações, as respirações…

Gostava que todos os pais pudessem fazê-lo. Tive um parto tão mas tão feliz, sinto-me tão forte como mulher e agora como mãe. Somos uma equipa fantástica e o meu Artur é uma delicia. E todo o pós-parto é igualmente desafiante, mas a memoria de um parto assim maravilhoso torna tudo muito mais leve. Obrigada por tudo, é um ser humano incrível, uma profissional espetacular, obrigada por fazer parte desta história tao bonita. Um grande beijinho. “


Tive um parto tão mas tão feliz, sinto-me tão forte como mulher e agora como mãe. Somos uma equipa fantástica e o meu Artur é uma delicia.

Que mudança! Que poder! Que parto!

Quanto acolhimento recebeu o Artur na sua chegada ao mundo!

A J. iniciou cética, mas eu cá nunca duvidei de que teria a sua experiência positiva, fosse qual fosse o parto.

E este resultado deve-se ao Hypnobirthing? Honestamente não.

O Hipnoparto foi apenas uma das variáveis nesta grande equação. Talvez a variável que levou á mudança de visão e que a J. se permitisse viver esta experiência maravilhosa. Mas o resultado deve-se a este conjunto de situações, uma mãe preparada com todas as “ferramentas” (emocionais, mentais, físicas e subtis), um pai preparado para ocupar o seu papel, uma obstetra e uma equipa super respeitosas, um bebé confiante…

Gratidão queria J. por partilhar a sua linda história, foi um gosto tão grande fazer parte dela.


A J.  fez o acompanhamento personalizado e o relato está escrito conforme foi enviado pela mãe e retrata a sua própria perceção. 

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