Deixo-vos o relato de parto da Gilda, uma verdadeira viagem de amor, com Hypnobirthing. Este é um testemunho muito especial de um parto “cura” que veio devolver a experiência positiva que lhe tinha sido negada na sua primeira experiência.


“Espero que este testemunho possa ajudar outras grávidas a ter um parto positivo e humanizado.

Viagem de amor

Talvez esta viagem tenha começado há 6 anos atrás, depois de um parto traumático e pouco informado.

Quando, em Outubro de 2021 soubemos que estava grávida do Gonçalo, a primeira coisa que questionámos foi se iríamos para o mesmo hospital que há 6 anos atrás nos tinha deixado marcas profundas num parto induzido sem consentimento prévio.

Assim começou a nossa viagem por um parto positivo, um parto que me permitisse fazer as pazes comigo mesma e com o meu corpo.

Em Janeiro, ainda sem sabermos qual o desfecho deste segundo parto, conhecemos a Sofia, nossa Doula, num workshop de babywearing .

Não foi logo que começámos a falar sobre o parto, mas cedo percebi que era uma pessoa especial, capaz de transmitir muita serenidade.

Alguns meses depois cruzei-me com o conceito de Hypnobirthing e com a Maria Ribeiro que nos ensinou muito sobre alívio da dor no parto.

Hoje sei que o trabalho da Sofia e da Maria complementaram-se durante a gravidez.

Mas a verdadeira viagem de amor, aquela que me deu força e que me encheu o coração começou pouco antes das 2 da manhã do dia 12 de Junho…

Estava deitada na cama quando senti a bolsa de água a rebentar. Avisei o meu marido com calma pois estava tudo bem e ainda teríamos muito tempo pela frente; o nosso bebé vinha a caminho às 40 semanas + 2 dias.

Fui tomar um duche e telefonámos à Sofia (nossa Doula) a avisar que o Gonçalo vinha a caminho. As ondas uterinas começaram de forma leve e espaçada, mas durante este telefonema foram várias as vezes que parei de falar para respirar e concentrar-me no meu corpo. Sabíamos que estávamos a cerca de 1hora do hospital onde decidimos ter o Gonçalo e preferimos iniciar a nossa viagem de carro (o nosso bebé estava a dar-nos tempo para chegar ao local onde imaginámos o seu nascimento).

1 hora depois das águas rebentarem estávamos a caminho de Matosinhos numa viagem que nunca esqueceremos. Hoje sei que estes 55 minutos de carro entre casa e o hospital Pedro Hispano foram o meu kit de ocitocina. De mãos dadas com o meu marido, colocámos a Playlist do parto (feita por ele) a tocar…

Cantámos e dançámos os dois no carro, mesmo quando as contrações já eram fortes e me pediam para silenciar a voz e respirar de forma tranquila.

Os refrões das músicas foram passando e eu senti-me numa bolha de amor. Na mão direita agarrava um pequeno peluche da Matilde, feito à mão para o nascimento dela. Sabia que queria ter a minha filha junto a mim neste momento especial, sentir o seu cheiro e ressignificar o nosso primeiro parto.

Chegámos ao hospital com contrações profundas de 3 em 3 minutos. A respiração que tantas vezes treinei no início do acompanhamento de Hypnobirthing manteve-me tranquila e consciente.

Subimos ao andar da obstetrícia sem necessidade de cadeira de rodas mas com as paragens necessárias pelo caminho. Chegados à urgência, foi duro deixar o meu porto seguro do lado de fora da porta, mas o vírus que desde 2020 nos habituámos a fintar, desta vez não deu tréguas. Sabíamos que a Sofia também estava a caminho e em breve teria um abraço para me apoiar.

A enfermeira Susana veio apresentar-se e dizer-me que seria ela a estar comigo no parto. Falou com uma voz doce de quem já conhecia o meu plano de parto e já sabia o nome do nosso bebé.

Depois de fazer o PCR para ter o meu resultado à Covid, fiquei por mais 45 minutos no CTG.

Nesta sala, deitada, precisei de me concentrar na respiração e no meu lugar seguro, passear na praia, junto ao mar com meu marido. Imaginar a brisa do mar entre contrações ajudou-me a estar tranquila naquele momento de ansiedade.

Enquanto esperava, recebi uma gravação da minha irmã com uma meditação guiada. Estava tudo bem! Apesar de estar sozinha dentro daquela sala, estava rodeada de amor e todos os que amo estavam ali.

O resultado do PCR chegou com um negativo e pude finalmente sair para o bloco de partos e abraçar a Sofia na primeira contração que me permiti sentir com todo o meu corpo. Estávamos prontos… O Gonçalo podia nascer!

Passámos pelo corredor e vi a luz do nascer do sol. Naquela janela para o parque de estacionamento onde o nosso porto seguro aguardava por nós…

Ao entrar no bloco e já com contrações profundas e muito próximas, neguei a epidural e pedi para relaxar num duche quente, afinal este era o momento para sentir o meu corpo e conectar-me com o Gonçalo.

Já no duche, as mãos da Sofia foram ouro e ajudaram a aliviar a dor e a posicionar o Gonçalo na sua descida até ao nascimento. A Sofia respirou comigo, lembrou-me do meu lugar seguro quando a dor me queria levar para outro espaço. Mostrou-me onde estava o Gonçalo e manteve-me forte e serena.

Já cansada de estar em pé, pedimos para sair do duche e foi nesta transição que senti da forma mais natural que podia imaginar, uma vontade de empurrar o meu bebé na sua última descida para o nascimento. Estava a chegar o momento de conhecer o Gonçalo e de o ter no meu colo.

Fomos para a maca do bloco de partos , com a Sofia a agarrar-me a mão e a dar-me força. No momento do nascimento precisei de me abstrair de uma voz que me dizia para puxar de forma insistente. E com os olhos fechados concentrei-me no meu corpo e vocalizei no momento de nascimento do meu bebé. Senti a cabeça e o corpo a saírem para este novo mundo.

Esta que será a melhor sensação de uma nova mãe… Capaz de se transformar em mãe loba num grito animal ao sentir o seu bebé nascer.

Às 7:55 o Gonçalo nasceu e foi colocado em cima de mim. Cortei o cordão umbilical e soube ali mesmo, que os seus 4kg100gr me libertaram e me deram alento para tudo o que a vida nos quiser desafiar!

Tivemos o nosso tempo de pele a pele e o Gonçalo procurou instintivamente a mama no nosso momento a dois.

A Sofia manteve-se connosco até ao internamento e garantiu que tudo estava bem.

No dia seguinte o nosso porto seguro já pôde entrar no hospital para um reencontro muito especial.

Estarei sempre grata a todos as pessoas que nos conduziram até ao parto do Gonçalo de forma serena e de braços abertos para nos apoiarem em todas as etapas.

Um agradecimento sentido à Maria Ribeiro por nos ter proporcionando o acompanhamento de Hypnobirthing, que nos deu ferramentas essenciais para aliviar os momentos de ansiedade e de desconforto durante o parto e nas últimas semanas de gravidez.

Um agradecimento muito especial à Sofia – Doularte – por ter acolhido todos os nossos sentimentos, dúvidas e ansiedades. Por nos ter transmitido confiança e serenidade num momento tão importante da nossa vida. Por ter estado connosco e ter marcado a diferença neste parto especial.

Agradeço também à enfermeira Susana e a toda a equipa do Hospital Pedro Hispano que nos guiaram desde a urgência até à saída do hospital.

Reservo o maior agradecimento ao meu porto seguro por ter confiado em mim, por nos dar todo o amor que tem, por ter escolhido aquelas músicas que nos guiaram até ao nascimento do Gonçalo.

No primeiro dia de puerpério acordei com uma das músicas de Bob Marley na cabeça: Is this love, Is this love, Is this love…Is this love that I’m feeling?

O nosso primeiro mês foi vivido em Amor 💛

Numa reflexão após o parto gostava que em breve seja possível juntar no bloco de partos não apenas um mas dois acompanhantes que fazem toda a diferença num parto positivo: o companheiro/pai ou um familiar próximo que a grávida escolha para acompanhar o parto e a Doula. Um não substitui o outro e os dois complementam-se em amor e cuidado.


A Gilda  fez o acompanhamento em grupo e praticou as várias ferramentas de Hypnobirthing, aplicando-as quando precisou. Este relato é um bom exemplo de como o Hipnoparto se complementa com o maravilhoso apoio de uma Doula e demonstra que a preparação e apoio fazem toda a diferença na experiência de parto. Todas as mulheres merecem ter uma experiência assim tão bonita e fico imensamente feliz que a tenha conseguido querida Gilda!


Relato de parto da Natália
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